Diariamente de manhã, quando ia para faculdade e pegava um certo ônibus que passava em determinada rua, via sempre próximo à um poste um senhor muito peculiar que chamava minha atenção. Era um morador de rua que em sua carroça cheia de entulhos, montado com um porte digno da nobreza inglesa, lançava ao poste uma corda que lhe servia muito bem como arreio para seu cavalo imaginário, que inclusive ao meu ver parecia sempre muito temperamental, pois era-se preciso sempre um carinho no pescoço do animal para acalmá-lo e quando não atendia aos mimos do dono uma maior força nos arreios para mostrar quem manda na situação era necessária. Sempre com sua pose distinta, com um ar satisfeito e com uma calma inabalável, eu o observava toda manhã esse senhor que apelidara então, muito adequadamente de Dom Quixote. Era sempre curioso vê-lo, alheio a tudo que ocorria em volta, os carros eram invisíveis, as pessoas, simples aldeãos, e se lhe ameaçassem oferecer ajuda ou dar esmola era uma ofens...
Fazendo seu próprio destino.