O Incêndio de Roma

  • on 28/07/2007
  • Raiva o incêndio. A ruir, soltas, desconjuntadas,
    As muralhas de pedra, o espaço adormecido
    De eco em eco acordando ao medonho estampido,
    Como a um sopro fatal, rolam esfaceladas.

    E os templos, os museus, o Capitólio erguido
    Em mármor frígio, o Foro, as erectas arcadas
    Dos aquedutos, tudo as garras inflamadas
    Do incêndio cingem, tudo esbroa-se partido.

    Longe, reverberando o clarão purpurino,
    Arde em chamas o Tibre e acende-se o horizonte.
    Impassível, porém, no alto do Palatino,

    Nero, com o manto grego ondeando ao ombro, assoma
    Entre os libertos, e ébrio, engrinaldada a fronte,
    Lira em punho, celebra a destruição de Roma.

    Olavo Bilac
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