O início das novelas

  • on 29/12/2009
  • Uma história ficcional contada "aos pedaços" com o objetivo de entreter o público. Essa foi a fórmula criada pelo jornalista Èmile de Girardin para ocupar o espaço disponível nos jornais e atrair mais leitores. Histórias do cotidiano contadas de uma forma que os leitores se identificassem com os personagens e aos poucos fossem "envolvidos" pela trama, cujas principais características eram o corte e a fragmentação. 
                                                                                          
    Assim nascia na França do século XIX o  folhetim. 
       
    A fórmula foi tão bem sucedida que acabou transformando-se na Europa em uma nova maneira de grandes autores publicarem seus romances, conseguindo uma penetração maior nas diversas camadas sociais, ou ainda: Uma porta de entrada no universo literário para jovens autores  . 
    Com o passar do tempo, a forma folhetinesca  não ficou restrita apenas ao âmbito literário e foi "incorporada" aos novos meios de comunicação: Primeiro ela foi a base das radionovelas, e posteriormente se fez presente no campo televisivo.  


    A primeira história contada "aos pedaços" na televisão brasileira (ainda sem o nome de novela) foi transmitida em dezembro de 1951 pela TV Tupi. "Sua vida me pertence" era o título da trama escrita por Walter Forster, que a protagonizou ao lado de Vida Alves (foto).  A "novela" teve vinte capítulos com duração de vinte  minutos. Era exibida apenas às terças e quintas.


     Em Junho de 1963 a TV Excelsior exibe a primeira novela diária: "2-5499 ocupado". O  texto original foi importado da Argentina e adaptado pelas mãos de Dulce Santucci. A versão brasileira teve como protagonistas  Tarcísio Meira e Glória Menezes. 


    Nos dias atuais, a teledramaturgia - auxiliada pelos avanços tecnológicos -  ocupa o papel dos antigos contadores de histórias, sempre tendo como base a fórmula folhetinesca. Independente das críticas que são feitas aos seus conteúdos, definitivamente são a grande forma de entretenimento das massas em nossa sociedade. 


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    2 Recados:

    Arouca disse...

    Só uma dúvida. Eu li um livro de Miguel de Cervantes, Novelas Exemplares que é do século XVII e apresenta características muito parecidas com as do folhetim do seu post. Esse livro é uma excessão ou na época já existiam precursores desse estilo?

    Jonas Mourilhe disse...

    Na verdade o livro de Cervantes enquandra-se no gênero literário "novelas"; cuja estrutura se baseia na repetição.
    Na idade média já existiam as chamadas "novelas de cavalaria". Novela é um tipo de texto onde o foco é sempre a ação e todo o seu desenrolar caminha para a conclusão.
    De um forma bem simplista e superficial podemos dizer que a novela é um "conto extendido", uma vez que ambos apresentam semelhante estrutura narrativa... Suas personagens são movidas pela intriga e seus episódios interlidados de alguma forma. Por serem de mais fácil penetração entre os leitores, textos com características de novela foram publicados sob a forma de folhetim... Por isso que os textos folhetinescos acabaram também sendo chamados pelo senso comum de Novela; sendo assim temos a rádionovela e a telenovela (termos relacionados com os veículos que as transmitem e utilizados amplamente em países hispânicos e latinos. No Brasil acabou prevalencendo simplesmente a denominação "novela" ). Essa forma literária é especialmente forte e popular nos Estados Unidos e na Inglaterra. Cervantes escreveu sim uma novela; mas não encontrei nenhuma referência de que "novelas exemplares" tivesse sido publicada sob a forma de folhetim