São Tomás de Aquino

  • on 15/07/2007
  • Ademais, em segundo, tudo o que se faz, antes que fosse, era possível que fosse. De fato, se era impossível que fosse, não seria possível que se tornasse, pois nada se muda para aquilo que é impossível. Ora, a potência pela qual algo pode ser, não pode ser senão em algum sujeito, porque o acidente não pode existir sem o sujeito. Portanto, tudo o que se faz é feito a partir da matéria ou do sujeito, de onde que é impossível fazer- se algo a partir do nada.

    Ademais, em terceiro, não sucede que se atravesse uma distância infinita. Ora, do não ente de modo simples ao ente há uma distância infinita, o que é patente pelo fato de que quanto a potência está menos disposta ao ato, tanto mais dista do ato, de onde que se este for inteiramente subtraído da potência, haverá uma distância infinita. Portanto, é impossível que algo transite de modo simples do não ente ao ente.
    Ademais, em décimo, aquilo que é feito a partir do nada, possui ser depois de não ser. Portanto, deve-se considerar algum instante no qual não é por último, a partir do qual o não ser cessa, e algum outro instante no qual é por primeiro, a partir do qual o ser principia. Estes dois instantes ou serão um e o mesmo instante, ou serão diversos. Se forem o mesmo, daí se seguirá que dois contraditórios existem no mesmo instante. Se forem diversos, como entre dois instantes existe um tempo intermediário, seguir-se-á algo ser intermediário entre a afirmação e a negação, porque não pode ser dito após o último instante no qual não foi, nem ser antes do primeiro instante no qual foi. Ambas estas coisas, porém, são impossíveis, isto é, a contradição existir simultaneamente e ela possuir um intermediário. De onde que é impossível algo fazer-se a partir do nada.
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