O que você faria se só lhe restasse esse dia?

  • on 18/02/2008
  • Em resposta a um leitor do Reinaldo Azevedo, Nelson Ascher diz:

    PS. Um outro leitor (este civilizadamente) defende a paranóia ambientalista recorrendo ao princípio precaucionário, quer dizer: se existe uma probabilidade, por menor que seja, de o risco ser real, então devemos tomar todas as precauções contra ele o mais cedo possível. Ora, se todos os homens saudáveis do mundo se castrarem ou, melhor, retirarem cirurgicamente suas próstatas, e todas as mulheres saudáveis amputarem os próprios seios, o risco de cânceres de próstata e seio declinará decisivamente. Esta seria, é claro, a precaução mais eficiente. Mas alguém se candidata? Num mundo de recursos limitados, qualquer precaução tem seu preço, e este só pode ser avaliado em face dos custos do perigo específico.

    Se o Protocolo de Kyoto foi inútil, a coisa não fica só num “que pena, vamos tentar outra solução”. Kyoto custou uma fortuna aos contribuintes de vários países (não às companhias, que não perdem lucros, porque transferem os custos para o consumidor), uma fortuna que poderia ter sido aplicada em diversas outras coisas. Para ficarmos só no meio-ambiente, quanto teria custado (e rendido) construir mais estações de monitoramente de terremotos, maremotos e tsunamis no oceano Pacífico? Quantas vidas elas poderiam ter salvado e quanto prejuízo material elas poderiam ter evitado? Insisto: cada centavo investido na prevenção do aquecimento global hipoteticamente antropogênico é um centavo não investido no tratamento da malária. E, para concluir: a quem é que devemos entregar esse tipo de decisão, ao clube de ditadores chamado ONU, a esses lobbies opacos conhecidos como ONGs? Quando eles erram ou se enganam, a quem é que podemos pedir o dinheiro de volta, quem vamos processar ou, pelo menos, quais dentre seus líderes é que podemos rejeitar ou substituir nas próximas eleições?


    Grande abraço
    Nelson Ascher
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