Dela para mim.

  • on 22/03/2008
  • Eu olho os livros, vejo casas, ando pelas ruas...
    Que ruas?
    Que livros?
    Que casas?
    Na verdade eu não vejo nada
    Não enxergo nem mesmo o céu
    Está tudo negro, escuro, apagado
    Como quando fecho os olhos e vejo nas pálpebras cerradas um silencioso e cego brêu.
    É nesse contexto, misto do "nada" e do "tudo", que surge como repente divino a tua imagem, a tua face, o teu rosto...
    E não demora muito até os lábios sentirem teu gosto e a pele reconhecer um toque invisível que tem o sabor dos teus dedos.
    Os pêlos se arrepiam com uma voz muda sussurrada ao pé do ouvido, ela está gravada, cravada, marcada dentro da minha mente, da minha carne, do meu coração...
    E a respiração acelera:
    Os olhos cegos
    A boca muda
    As mãos trêmulas;
    Meu Deus! Isso é loucura?!
    Já sinto seus cabelos entre meus dedos
    Sua mão no meu corpo
    O seu cheiro em mim, na minha roupa, na minha alma, no meu sangue...
    Parece que você está aqui, está comigo
    Tua lembrança é forte, clara e quente
    Como um sol que cega, mas em uma dor divina
    Porém quando a alma toca o amor, o corpo também o passa a desejar e é assim que tua ausênsia faz-se sólida.
    O peito dói, escarnece, pungencia toda falta de um querer mais negado pela distãncia, pela matéria estúpida que teima em nos separar...
    E então eu olho os livros, vejo casas, ando pelas ruas...
    Pra quê?
    Por quê?
    Nada mais existe.
    Nada mais importa.
    Nada mais é poético.
    Pra onde foram as coisas?
    Onde está o mundo?
    E as palavras?
    E a beleza?
    E a poesia?
    Tudo está em você.
    Tudo é você...

    Te amo!
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