Sinto-me como uma criança de quarta-série, em sua primeira aula, de volta das férias e a professora pede aquela redação de tema “férias”, ai o aluninho vai la e escreve sobre aquelas duas semanas que passou na casa da avó.
Então vamos a minha redação, tudo começou com um convite, quer ir votar comigo?, na minha santa inocência respondi prontamente, sim, e ai começava a jornada a região mais próxima do sol: Bangu!
“10 horas no norte shopping, a viagem é longa e não quero demorar”, caceta, ele ta louco, ta querendo roubar meu sono, de novo, mas tudo bem, acordo, levanto, me arrasto pelas paredes até o chuveiro, humm água quentinha, dou uma cochilada, sim, sim o planeta que se dane, do nada o celular toca, merda!, quem poderia ser a essa hora, tão cedo em pleno domingo, quando vejo quem é, já atendo revoltada, se ele desmarcar de novo vou chutá-lo, dessa vez vou ficar chateada para sempre, mas ele fez pior, só disse que chegaria atrasado, me fez acordar cedo a toa, deveria chuta-lo do mesmo jeito.
Quando fui me arrumar, percebi que a casa já estava acordada, então meu plano de me arrumar em paz e sair sem ser notada, já havia sumido, não seria tão ruim assim, eu precisava de dinheiro trocado, então depois de me arrumar, corri atrás da minha mãe para choramingar por dinheiro trocado, peguei o dinheiro e fui-me.
Encontro no norte shopping, ele já esta ligando, será que ele não se acostuma com os meus pequenos atrasos, aparentemente não, falo que estou a caminho e mesmo que não estivesse diria que estou e ele sabe disso, então não compreendo o porque ele ainda liga, cheguei, ele me analisa toda, ele havia mandando que eu fosse bem mocinha, comportadinha e delicada, ele aprovou a roupa, mas não gostou dos brincos e ainda disse que já tinha visto, mesmo sendo impossível, pois eu os comprei no dia anterior, agora a missão era chegar a Cascadura, eu totalmente perdida, sem saber onde diabos era Cascadura, descubro que é bem próximo a minha casa.
Agora era hora de pegar O ônibus, quando entramos foi meio aquela coisa, não repara na bagunça, juro que tentei, mas caramba estava difícil, o ônibus era uma piada ambulante, ei cuidado com a cabeça!, grande e desajeitado, voltando, o ônibus era um chocalho, sujo, velho e estranho, nem os rabiscos nas paredes eram normais, estavam em um dialeto estranho, até que foram traduzidos, na verdade eram pinturas rupestres que foram sabiamente desvendadas pelo nativo.
A viagem apesar de ter tudo para ser um inferno, estava sendo divertida, papos variados, sexo, falar mal de alguém, sexo de novo e falar de alguém, foi assim até que o passado começou a retornar, agradecemos ao Carmela Dutra, depois dele a visita passou a ser um tour.
Estávamos chegando!!!!
La amour, realmente não passa de um motel barato em Bangu, começa ele me recomendando motéis e passamos pelo posto Vagão e se eu tiver que marcar de encontrar alguém em Bangu, pode deixar que marcarei la, já que é um local bem conhecido, não sei quando irei me encontrar com alguém em Bangu,mas quando eu for eu já sei onde marcar.
Chegamos, perdi apenas alguns fios de cabelo, achei que seria bem pior, vamos votar, quando lembro que estamos na Avenida Brasil e tem aquelas passarelas odientas, subimos e ele para e continua com a sua descrição minuciosa do local, aponta pra direita aquele é o lixão e aponta p traz do lixão aquele é presídio e decidimos continuar a jornada.
Uma mostrada de bumbum durante a travessia e finalmente chegamos ao outro lado, estamos prontos para votar, fomos para a escola e lembramos que não temos o nome do candidato,logo não podemos olhar o numero dele, depois de muito achismos recorremos a quem tudo vê e que tudo sabe, Google, ele nos informa e vamos votar, ele entra e eu entro junto!!!!!
Ele ameaça não votar no nosso candidato favorito, ai tenho que exercer meu pequeno autoritarismo e ameaça-lo!
E nesse momento fiz dele uma criatura única, um homem que cumpre com a sua palavra!
Agora estávamos caminhando e ele continua a me explicar as manhas do lugar, explica que a calçada não foi feita para se andar nela e que temos que dividir a rua com os carros, calçada vira puxadinho da casa e ele não para por ai e começa a contar a historia de quando a Vila Aliança deixou a Vila Kennedy no escuro bombardeando a Light, eu achei uma tática muito inteligente e logo depois explodiram o batalhão, digamos que foi o dia de fúria da Vila Aliança que em breve por culpa da globalização maldita vai se fundir a Vila Kennedy e será a Aliança Kennedy, falando tanto chegamos logo a praça Miami.
A estatua, uma original de três, uma na França, uma em Nova York e outra aqui, ai ele começa a explicar tudo sobre ela, mas ai dessa vez eu ri e foi a minha vez de explicar que meu pai me contava tudo sobre ela a cada dois anos.
Andando em direção a passagem subterrânea da Avenida Brasil, a primeira que foi construída, tudo para chegar ao clã dos Thimoteos, mas a essa altura meu cabelo já estava uma zona, eu tinha um ar de louca e o calor já me torrava e eu percebi que ele também sofria com o calor, até mais que eu, na verdade.
Compramos o refrigerante e chegamos!
Ao abrir a porta nos deparamos com os priminhos, dou oi tímidos, até que adentramos a cozinha quando sou recebida pelo mini tufão, super simpático chamado Dona Vera, ela fala comigo como se me conhecesse desde sempre, sou apresentada ao resto da família, tem outro gigante na pia, que descubro logo que é o irmão garanhão, Daniel, depois do encontro inicial, percebo que o meu gigante esta bancando o bebe esfomeado, reclamando da comida, comemos e percebo que incrívelmente todos querem doces, ai percebo o que faz deles Thimoteos, são os doces e como em uma mágica fabrica de doces, ganho uma caixa de suspiro!!!
Depois de comer vários, peço para que ele tire a caixa de mim, estou passando mal já.
Uma tarde muito agradável, cercada dos hamesters das Marias Laura e Alice, dei dicas para salvar o pobre macho, da fêmea megera, tia Vera tenta me convencer a ir comprar roupas, mas ele n quis ir, então também não vou, pego dicas de filmes iranianos com a tia Anie, a tarde continua entre “você vai comer a flor¿”, um incendiário no quarto e escravocratas na sala, até que o seu Djalma chega, não fomos apresentados, mas ele me contou uma historia, acho que fui elogiada, não tenho muita certeza mas...
A chuva da um tempo, vamos embora, andamos um pouco e pegamos o primeiro ônibus que ele pegou sozinho, o 811 e como tudo em Vila Kennedy é cercado de história, o 811 não poderia ser diferente, esse era o ônibus que ele pegava, aos 9 anos, para ir ao curso de inglês e durante o caminho varias coisas me são apontadas, a rua que vai dar em Vila Aliança, a casa de uma antiga namoradinha, quando do nada ele me manda descer!
Para mim havíamos chegado no shopping,”poxa é tão pequeno”, ele me olha e diz “essa é a estação de trem”, risinho sem graça continuamos andando, tem a historia do PORRA ATRAS NÃO e descemos a escada rolante e eu sou apresentada ao calçadão de Bangu, eu sempre falava que n existia mas não é que existe, ai fomos caminhando para o shopping.
Eu já não agüentava mais andar, quando chegamos no estacionamento, fiquei alegre achando que já estava chegando, mas percebi que como tudo bem Bangu, a porta do shopping era longe da entrada do estacionamento, andamos eternidades e chegamos lá, entramos, o shopping é tão lindinho, parece o Nova America, comemos e fomos ao cinema.
O cinema, é lindo, muito lindo, é facilmente a coisa mais linda de Bangu, harmonioso, aconchegante, limpo, cheirosinho, belo, estou encantada com ele, estou apaixonada.*.*
O filme, legal até a criatividade do cara acabar.
Voltando para a civilização, foi um processo um tanto quanto complicado, ônibus com números e letras, o medo de dar 18h, não sei bem o que aconteceria, mas a cara dele de pavor, assustava, exercito passando na rua, segundo ele para controle, risos, finalmente entramos em um ônibus, ele fez a gente saltar do nada e pegar outro o 917.
No ponto do 917 tem um parque de diversão, que ele prometeu me levar um dia, mas o 917 é responsável por varias crianças com a síndrome do cérebro sacudido, mas nós tentamos encarar como uma massagem, apaguei.
Acordo no Norte Shopping, vamos para o Outback, eu estou em um mau-humor do cão, conversamos um pouco, encontramos Thami, que estava muito bonita e o Paulo, rimos bastante, como sempre fazemos com eles, foi um jantar muito revelador, descobri que eu não sou uma pessoa transável, mais o ápice da noite, foi descobrir que o Nicodemos, na verdade se chama Paulo.
Fim do dia, finalmente em casa, vou alimentar o vicio, entro um pouco no MSN, alguns perguntam como foi meu dia, conto que fui a Bangu e tenho o ouvir”haja amor pra ir até Bangu” e outras piadinhas.
Mas realmente, eu o amo e muito, iria até Barata por ele, de certo que o mundo não esta preparado para o nosso relacionamento, nossa cumplicidade, nosso carinho e o tempo que devotamos um ao outro, o amo mesmo que ele não entenda as vezes o que eu faço, diga que não tenho limites e o pior de tudo reserve somente o espaço 400 para mim, eu ainda adoro o meu biscoito da sorte gigante e só lhe perdôo porque temos 4 dimensões e o tempo faz tudo ser relativo, só e somente por isso perdôo não ter sido o 100.
Enfim, esse post me custou 5 paginas recicláveis, 4 horas, 2 aulas, estresses múltiplos com o Word e com o pendrive babaca, ta na hora de acabar.
“O nosso amor a gente é quem sabe pequeno”
Beijos e sorte nesses 100 próximos posts!
Ingredientes para um biscoito da sorte bem sucedido:
· 1 clara
· Extrato de baunilha 1/8 de colher de chá
· Sal q.b
· 1/4 chávenas de chá de farinha de trigo
· 1/4 chávenas de chá de açúcar
· 1 clara de ovo
· 1/8 de colher de chá de extrato de baunilha
· 1 pitada de sal
· 1/4 de chávena de farinha
· 1/4 de chávena de açúcar
· 1 cérebro demoníaco
2 Recados:
Poxa que texto bacana, essa pessoa parece ser super legal, amiga né?
Adorei!
Essa pessoa é muito amiga.
Muito querida.
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