Os Miseráveis de Victor Hugo

  • on 22/08/2009
  • Victor Hugo(1802-1885) escritor francês, talvez o grande nome do Romantismo em seu país, também atuou como político republicano. Seu trabalho literário que abrange desde o jornalismo até a poesia, passando pelo romance e os dramas teatrais, se consolida como um dos mais significativos do conturbado período que se seguiu a República e o Império na França, implantados durante a Revolução Francesa e depois abolidos com a ascensão de Luís XVIII ao trono. Os Miseráveis, sua obra mais conhecida, age como síntese tanto desse período quanto da sua obra.


    Após chegar a um ponto em que a história estava mais desenvolvida(o que é uma longa caminhada, considerando as quase 1300 páginas do romance) senti uma sensação de familiriadade. Os Miseráveis remete à Divina Comédia por expor de maneira tão abragente a vida pública e política da França e da Europa na época, e de mostrar os pilares da estrutura intelectual e social dessa comunidade. Mas a obra de Victor Hugo ter um aspecto característico. Ela não se limita a questões puramente, digamos, “relevantes”. Ao parar a narração para analisar a batalha de Waterloo, o sistema de esgotos de Paris ou mesmo a importância da gíria no processo artístico, ele ressalta a importância do poeta no mundo, ao tirar do bruto e material, sua essência.

    Seja no redentor protagonista Jean Valjean, no bravo Enjolras, verdadeira personificação da justiça, no sonhador Marius, espécie de reflexo do autor, no perspicaz Gavroche" “Não sou nenhum notório, por culpa de Voltaire; Mas sou um passarinho, por culpa de Rousseau”, na casta Cosette, filha adotiva de Jean Valjean, no imoral Thenadiér, no rígido Javert, a natureza humana é poetizado, mas uma poesia própria, que teoriza e esclarece mas que por isso mesmo embeleza e enubla, apresentação de respostas que traz mais perguntas.

    Reluto em apresentar uma abreviação do enredo deste livro. Como resumir uma sintese de maneira verdadeira? O máximo que posso dizer é que a partir de um fato simples como o roubo de um pão e consequente condenação de Jean Valjean as galés, Victor Hugo desenrola o pano da consciência humana, da luta política, do brado da Revolução e do fogo da Marselhesa.

    Trecho do Livro:"

    “[…]Domar a matéria, eis o primeiro passo; realizar o ideal, eis o segundo. Reflitam sobre o que o progresso já fez. Outrora, as primeiras raças humanas viam com terror passar-lhes diante dos olhos a hidra que soprava sobre as águas o dragão que vomitava fogo, o grifo, monstro do ar com asas de águia e garras de tigre; animais assustadores e superiores ao homem. Este, contudo, armou-lhe os laços, os laços sagrados da inteligência, e acabou por dominar os monstros.

    Dominamos a hidra, agora chama-se vapor; dominamos o dragão, agora chama-se locomotiva, estamos prestes a dominar o grifo, já o temos em nosso poder, agora chama-se balão.[…]Caminhamos para a união dos povos, para a unidade do gênero humano. Chega de ficções e de parasitas. O real governado pela verdade, eis o nosso objetivo.[…]”

     

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