Julian Baggini(1968-) é um filósofo e escritor britânico, sendo também colaborador do jornal londrino The Guardian. Neste livro, ele nos apresenta uma proposta muito interessante: 100 experiências de pensamento em que situações do cotidiano são analisadas baseando-se nas idéias dos filósofos clássicos, de autores ou estudiosos contemporâneos ou mesmo de filmes como Matrix e Laranja Mecânica.
Em cada uma das 100 experiências, há o número da experiência, com o seu nome, seguido por uma pequena narração em que a questão é proposta e desenvolvida. Logo após, o autor apresenta de onde se inspirou para montar o experimento(há alguns que não tem fonte por se inspirar em tantos casos e discussões que fica díficil indicar algumas influências) e, finalmente, o texto em que ele delibera sobre o tema. Caso não tenha ficado muito claro, no trecho do livro desta resenha vou dar um exemplo.
A obra nos faz refletir sobre os mais diversos assuntos, pois apresenta sobre a visão filosófica tanto temas já batidos como o de Laranja Mecânica(sobre se é moralmente correto o condicionamento de criminosos para não cometerem mais crimes) quanto por muitos inusitados como se a dieta vegetariana poderia abranger um porco que além de ser criado para, quer ser comido, até mesmo se usar um “gato” na televisão a cabo do seu vizinho ou o adultério puramente virtual.
Trecho do livro:
“ 38.Eu sou um cérebro
Quando Ceri Braum aceitou o dom da vida eterna, aquilo não era bem o que ela tinha em mente. Claro, ela sabia que seu cérebro seria removido de seu corpo e mantido vivo em um tanque. Ela também sabia que sua única conexão com o mundo exterior seria por meio de uma cânera, um microfone e um alto falante. Mas, na época, viver para sempre dessa maneira parecia um bom negócio, sobretudo em comparação a não viver por muito tempo mais em seu segundo corpo em deterioração.
Entretanto, olhando para o passado talvez ela tinha sido convencida com facilidade demias de que era apenas seu cérebro. quando seu primeiro corpo expirou, os cirurgiões retiraram o cérebro e o
implantaram no corpo de outra pessoa cujo próprio cérebro tinha parado de funcionar. Ao acordar no novo corpo, ela não tinha qualquer dúvida de que era a mesma pessoa, Ceri Braum. E Como seu cérebro era a única coisa que restava de seu velho eu, também parecia seguro concluir que ela, portanto, era essencilamente seu cérebro.
Mas a vida como um cérebro revela-se muito empobrecida para Ceri; Como ela anseia pela sensação carnal de uma existência mais completa. Mas como é ela, Ceri, que tem esses pensamentos e dúvidas, será que mesmo asssim ela não está certa em concluir que é, em essência, nada mais nada menos que seu cérebro?
Fonte: Capítulo 3 de The View From Nowhere, de Thomas Nagel(oxford University Press, 1986 )”
Obs: Para saberem como o autor elucidou a questão, leiam o livro.
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