Robinson Crusoé de Daniel Defoe

  • on 28/11/2009
  • Daniel Defoe(1660-1731) foi um escritor britânico , reconhecido por ser um precursor do realismo e mesmo do jornalismo, sendo apontado por alguns como pai do colunismo social. Ele, em oposição a vários intelectuais da época que o ridicularizavam e desprezavam, escrevia um inglês rústico, até por ser filho de açougueiro, e sem qualquer refinamento literário. Se destacou, talvez por essa característica, na escrita de vários tratados ou textos sobre situações cotidianas ou política, na maior par
    te das vezes. O trabalho como escritor era apenas seu ganha-pão, talvez um dos motivos por ser ter ganhado renome com Robinson Crusoé. 

    Um livro de leitura simples, aventuresco, baseado em fatos reais de uma vida emocionante. Assim ficou conhecida a obra-prima de Defoe. A história, apresentada com pouco rodeios e firulas, fala da experiência vivida por Robinson Kreutznaer(Crusoé vem da pronúncia de Hull, região na cidade de York de onde era natural), jovem que, entediado com a expectativa de uma vida burguesa e monótona como a de seu pai, se lança ao mar em busca de aventuras. Depois de ficar um tempo como escravo na África e de prosperar em uma fazenda de tabaco e açúcar no Brasil Colônia, se deixar levar novamente por seu anseio por aventura e parte novamente em viagem marítima. Porém, o navio afunda na região do Caribe e ele, único sobrevivente, ficado preso e isolado numa ilha deserta por mais de 28 anos.


    O que impressiona é que apesar da linguagem direta e simples, o livro acaba se revelando mais profundo do que aparenta. No isolamento vemos Crusoé retornar a um estado de vida quase selvagem. Mesmo com o material que ele utiliza do navio para garantir a sua subsistência, até a construção do seu “reinado” primeiramente como comandante de toda forma de vida daquela região; utilizando grãos em plantações, frutas como reserva de alimento(depois de deixa-las passas), animais como alimento ou estimação(seus gatos, cães e papagaios que o rodeavam na mesa e faziam sua corte); e, em segundo momento, virando governador da ilha quando da chegada de outras pessoas lá. Com isso, de maneira nostálgica para quem leu Caninos Brancos, ele afirma a imagem do homem como senhor da natureza por dominar a matéria. Além disso, há um caráter religioso o livro inteiro, já que o personagem, devido a vida selvagem e a sua gradual purgação(acho que Rousseau não foi tão original assim, já que ele 7 anos quando da publicação do livro) ele começa a ter maior aproximação com Deus, o usando como causador direto das suas venturas ou desventuras(um dos motivos, aliás, por ser recebido de maneira cáustica pelos intelectuais da época). Indico para quem quiser ler algo além de best-sellers e queria algo leve e fácil de ler.

    Trecho do livro:

    sentados para jantar; ali eu reinava majestoso, príncipe e senhor de toda a ilha; tinha sob o meu comando absoluto as vidas de todos os meus súditos; podia enforcar, esquartejar, libertar e prender. E não havia rebeldes entre meus súditos.

    Ele também veria como eu jantava como um reio, sozinho, assistido pelos meus servos. Louro, como era o meu favorito, era o único com permissão para falar comigo*. Meu cachorro, que agora estava fraco e enfermo e não encontrava espécie alguma para multiplicar a sua, sempre se sentava a m

    inha direita. Os dois gatos instalavam-se um de cada lado da mesa e ambos, de vez em quando, ficavam à espera de uma migalha de minha mão, como uma espécie de deferência especial.”

    *- Louro é o papagaio
    “Eu faria sorrir a um estóico, ao ver a mim e a minha pequena família
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