O Visitante Noturno de B. Traven

  • on 27/02/2010
  • B. Traven(18??-19??) foi(talvez ainda seja) o pseudônimo usado por um escritor anarquista e uma das figuras mais enigmáticas do cenário cultural do século XX. Escritor favorito de Churchill e Einstein e grande influenciador de vários intelectuais liberais da época, sua vida pessoal permanece uma rede de mistérios e controversias(nessa edição, tem um prefácio dedicado a discussão da identidade do autor, bem interessante). A obra dele é divida em duas partes principais: a primeira quando agitava trabalhadores na Alemanha e combatia ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola, posteriormente quando se recolhe na selva mexicana e se dedica a literatura fantástica tendo como inspirações e personagens as lendas populares da região e os povos pré-colombianos.
    Macario e O Visitante Noturno são duas obras contidas na última.

    O Visitante Noturno conta a história de Gales, um americano que se refugia na selva mexicana procurando tranquilidade. Lá, ele só tem contato com os nativos e com o doutor  Cranwell que se ausenta e pede que Gales cuide de sua casa. Lendo a biblioteca do doutor, fica fascinado com a cultura asteca. Até que uma noite, recebe uma visita de um representante desse povo. Macario é a história de um lenhador, de mesmo nome que tem apenas uma ambição na vida: comer um peru inteiro. Porém no dia que finalmente realiza seu sonho, a morte aparece e lhe dá o poder da cura em troca de metade do peru.
    Ambos os livros tratam da simplicidade e de modos de vida alternativos, duas idéias bem básicas do anarquismo mas colocadas de um jeito que tem bem mais brilho do que crônicas famosas criticando a sociedade consumista como Admirável Mundo Novo ou textos mais teóricos sobre anarquismo. A passagem em que o doutor fala que toda obra-prima deveria ser queimada e o final surpreendente de Macario fazem valer a pena a leitura dos dois livros.
    Trecho do livro:
    " Uma pessoa comum poderia ficar esgotada, quem sabe até perder o juízo, se não pudesse contemplar nada além daquela vasta extensão de floresta sombria. O médico, porém, gostava daquela paisagem.
    E eu também. Podia passar horas contemplando aquela selva sem nunca me cansar dela. Na verdade, o que me interessava não era o que conseguia ver. Era poder imaginar os grandes e pequenos episódios que se desenrolavam naqueles matagais espinhosos lá embaixo. Não havia um minuto de descanso na eterna batalha pela sobrevivência, pelo amor. Criação e destruição... Eu não tinha bem certeza, mas imaginava que o médico sentia a mesma coisa. Só que ele nunca disse isso."
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    1 Recados:

    Djan Krystlonc disse...

    Prazer, acabei de conhecer.