Joaquim Maria Machado de Assis(1839-1908) foi um escritor, jornalista e teatrológo brasileiro. Muitos críticos o exaltam como o maior nome da literatura brasileira, mas inegável é que ele é um dos maiores nomes do realismo brasileiro e que ajudou a fundar o movimento no Brasil(alguns dizem que com o livro tratado nesse post). A infância díficil, ele era mulato na época em que a escravidão ainda era vigente, com certeza contribuiu para a sua representação de personagens, crua, mas ainda assim repletas de profundidade e, quem sabe já esteja estrapolando, um toque de ironia. Essas características deram a nossa literatura personagens emblemáticos como Capitu, Quincas Borba e, o protagonista de O Alienista, Simão Bacamarte.
Nos é apresentada neste livro a história de Simão Bacamarte, nobre e doutor consagrado pela Coroa Portuguesa que renúncia a Lisboa e a Corte para se recolher em Itaguaí e se dedicar ao estudo cientifíco sua missão e vocação. Lá ele é reconhecido como grande nome intelectual da região e ganha o reconhecimento de seus habitantes. Após um tempo de morada na cidade, ele se dedica a construção do sanatório de Casa Verde. Dedicando-se de corpo e alma a instituição, no começo é visto com admiração pelos moradores pela sua suposta obra de filantropia, se torna um tirano para os habitantes locais quando por sua tão adorada ciência, começa a isolar os ditos loucos.
O mais interessante dessa obra é o critério que Simão usa para a loucura: primeiro ele considera qualquer manisfestação contrária a qualquer razão ou lógica como um indicio de loucura, seja na sua mulher que fica indecisa quanto a que colar usar, quanto o rapaz que acha que o ceú cairá se ele falar algo ou mesmo uma senhora que credita a desgraça de um parente seu a uma maldição. Posteriormente, ele percebendo não fazer sentido o isolamento a maior parte da população, já que a loucura é definido como qualquer desvio psicológico que fuja a "normalidade social", ele começa a prender os virtuosos, considerando a retidão comportamental como verdadeira loucura. Na verdade, toda a história é uma crítica ferrenha ao movimento positivista, muito forte na época(só ver o lema da nossa bandeira), e do decorrente cientificismo dele que, adotando o método empírico como verdade absoluta, classifica e destroí nossas pequenas e significatvias individualidades. Agora, depois de ler o livro, responda: o louco é Simão que abandona toda sua humanidade para adorar a ciência ou o conceito de "humanidade" é realmente uma loucura?
Trecho do livro:
"A cara era um pimentão: todo ele tremia, a boca escumava: lembra-me como se fosse hoje. Então, um homem feio, cabeludo, em mangas de camisa chegou-se a ele e pediu água. Meu tio(Deus lhe fala n'alma!) respondeu que fosse beber ao rio ou ao inferno. O homem olhou para ele, abriu a mão em ar de ameaça, e rogou essa praga:-'Todo o seu dinheiro não há de durar mais de sete anos e um dia, tão certo como isto ser o sino-salamão!' E mostrou o sino-salamão impresso no braço. Foi isto, meu senhor, foi esta a praga daquele maldito.
Bacamarte espetara na pobre senhora um par de olhos agudos como punhais. Quando ela acabou, estendeu-lhe a mão polidamente, como se o fizesse à própria esposa do vice-rei, e convidou-a a ir falar ao primo. A miséra acreditou: ele levou-a à Casa Verde e encerrou-a na galeria dos alucinados.
A noticia desta aleivosa do ilustre Bacamarte lançou o terror à alma da população. Ninguém queria acabar de crer, que, sem motivo, sem inimizade, o alienista trancasse na Casa Verde uma senhora perfeirtamente ajuizada, que não tinha outro crime senão o de interceder por um infeliz."
Nos é apresentada neste livro a história de Simão Bacamarte, nobre e doutor consagrado pela Coroa Portuguesa que renúncia a Lisboa e a Corte para se recolher em Itaguaí e se dedicar ao estudo cientifíco sua missão e vocação. Lá ele é reconhecido como grande nome intelectual da região e ganha o reconhecimento de seus habitantes. Após um tempo de morada na cidade, ele se dedica a construção do sanatório de Casa Verde. Dedicando-se de corpo e alma a instituição, no começo é visto com admiração pelos moradores pela sua suposta obra de filantropia, se torna um tirano para os habitantes locais quando por sua tão adorada ciência, começa a isolar os ditos loucos.
O mais interessante dessa obra é o critério que Simão usa para a loucura: primeiro ele considera qualquer manisfestação contrária a qualquer razão ou lógica como um indicio de loucura, seja na sua mulher que fica indecisa quanto a que colar usar, quanto o rapaz que acha que o ceú cairá se ele falar algo ou mesmo uma senhora que credita a desgraça de um parente seu a uma maldição. Posteriormente, ele percebendo não fazer sentido o isolamento a maior parte da população, já que a loucura é definido como qualquer desvio psicológico que fuja a "normalidade social", ele começa a prender os virtuosos, considerando a retidão comportamental como verdadeira loucura. Na verdade, toda a história é uma crítica ferrenha ao movimento positivista, muito forte na época(só ver o lema da nossa bandeira), e do decorrente cientificismo dele que, adotando o método empírico como verdade absoluta, classifica e destroí nossas pequenas e significatvias individualidades. Agora, depois de ler o livro, responda: o louco é Simão que abandona toda sua humanidade para adorar a ciência ou o conceito de "humanidade" é realmente uma loucura?
Trecho do livro:
"A cara era um pimentão: todo ele tremia, a boca escumava: lembra-me como se fosse hoje. Então, um homem feio, cabeludo, em mangas de camisa chegou-se a ele e pediu água. Meu tio(Deus lhe fala n'alma!) respondeu que fosse beber ao rio ou ao inferno. O homem olhou para ele, abriu a mão em ar de ameaça, e rogou essa praga:-'Todo o seu dinheiro não há de durar mais de sete anos e um dia, tão certo como isto ser o sino-salamão!' E mostrou o sino-salamão impresso no braço. Foi isto, meu senhor, foi esta a praga daquele maldito.
Bacamarte espetara na pobre senhora um par de olhos agudos como punhais. Quando ela acabou, estendeu-lhe a mão polidamente, como se o fizesse à própria esposa do vice-rei, e convidou-a a ir falar ao primo. A miséra acreditou: ele levou-a à Casa Verde e encerrou-a na galeria dos alucinados.
A noticia desta aleivosa do ilustre Bacamarte lançou o terror à alma da população. Ninguém queria acabar de crer, que, sem motivo, sem inimizade, o alienista trancasse na Casa Verde uma senhora perfeirtamente ajuizada, que não tinha outro crime senão o de interceder por um infeliz."


Comentários
De fato, TODOS, os habitantes de Itaguaí estavam sim possuídos de terríveis moléstias mentais.