Onde anda agora a perfeição que andava unida à fronte de um lavor sem mácula? Onde estás agora, ó perfeição, diadema da vida, que a harpa da luz tocava e não modula mais? Alexandria, moradia do fugaz, tu, roseiral de areia viva na descida dos desertos ao mar, tu, perfume e ferida e inconclusão – onde anda agora esse rapaz? Breve parêntese entre a imagem e a semelhança, mal te demoras neste mundo, ó perfeição, que harmonizaste, como os corpos numa dança, aquele par, metades duplas da ambição de perpetuar o passageiro – ah, quem te alcança agora, ó fluidez, ó fuga, ó deserção...? O que vocês leram acima é o soneto nº 69 da primeira parte — As Epifanias — do livro A Imitação do Amanhecer, de Bruno Tolentino, publicado pela Editora Globo.
Fazendo seu próprio destino.