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Mostrando postagens de junho, 2009

Dois rios

Composição: (samuel Rosa - Lô Borges - Nando Reis) O céu está no chão O céu não cai do alto É o claro, é a escuridão O céu que toca o chão E o céu que vai no alto Dois lados deram as mãos Como eu fiz também Só pra poder conhecer O que a voz da vida vem dizer Que os braços sentem E os olhos vêem Que os lábios sejam Dois rios inteiros Sem direção O sol é o pé e a mão O sol é a mãe e o pai Dissolve a escuridão O sol se põe se vai E após se pôr O sol renasce no Japão Eu vi também Só pra poder entender Na voz a vida ouvi dizer Que os braços sentem E os olhos vêem E os lábios beijam Dois rios inteiros Sem direção E o meu lugar é esse Ao lado seu, meu corpo inteiro Dou o meu lugar pois o seu lugar É o meu amor primeiro O dia e a noite as quatro estações Que os braços sentem E os olhos vêem E os lábios Sejam Dois rios inteiros Sem direção O céu está no chão O céu não cai do alto É o claro, é a escuridão O céu que toca o chão E o céu que vai no alto Dois lados deram as mãos Como eu fiz também S...

A Divina Comédia de Dante Alighieri

Dante Alighieri(1265-1321) é conhecido como il sommo poeta, por seu pioneirismo e maestria incomparáveis na língua italiana. Reconhecido como lírico, atuou também como político italiano, o que se reflete em seus tratados sobre história de Florença, sua terra natal, e na sua obra mais conhecida, da qual tratarei nesse post.                 Atordoamento. Esse é o sentimento que lhe vem quando degustando a Divina Comédia. Você fica indeciso se repara na técnica presente nos versos de Dante, herdeiros do trovadorismo, poesia provençal e dos autores latinos, como Virgílio e Horácio, ou se deixa-se absorver pela história, verdadeira enciclopédia da mitologia grega, crenças cristãs e dos papas corruptos agonizantes no Inferno, de grandes nomes da história se redimindo no Purgatório ou dos beatos católicos desfrutando do Paraíso. Essa síntese que faz Dante. Ao unir técnica impecável e enredo arrebatador, mesclar M...

Caninos Brancos de Jack London

Jack London, pseudônimo de John Griffith Chaney, foi um escritor e jornalista americano do final do século XIX e início do século XX. Teve uma vida tumultuada e com várias aventuras, o que se reflete nos seus livros. Jack London Caninos Brancos conta a história de um lobo de mesmo nome no Wild, região do ártico onde a vida é escassa e selvagem. Aparentemente uma história simples e infantil, o crescimento de Caninos, se lido com atenção e abstração, pode ser tomado como o de um ser humano, lutando pela sobrevivência no meio de uma sociedade que ele odeia e rejeita, entrando num ciclo de ódio e solidão, tanto pelos seres humanos, os deuses que controlam a matéria quanto pelos outros caninos, que o rejeitam por ele ser diferente. As primeiras passagens no Wild, quando mostra a história da alcatéia de lobos e o início da vida de Caninos nos passa uma corrente de adrenalina ao resgatar nosso lado mais selvagem e instintivo. Só um único porém quanto ao livro: julgo que depois do aparecime...

Entendendo nosso tempo

Como sempre Reinaldo Azevedo explicando o mundo. Há um aspecto freqüentemente pouco compreendido no que escrevo, e esta é uma boa oportunidade de aclarar as coisas. É evidente que o PT não inventou a corrupção e o desmando. Estes, na esfera pública, nasceram com a formação da primeira burocracia. Antes que volte aqui, uma digressão, mas sem largar, espero,o fio da meada. Dada a forma como entendo o mundo, digo mesmo que a tentação de fraudar as regras é tão humanamente explicável quanto a de criar novas regras. Equilibramo-nos entre esses dois extremos: regulação e transgressão. Nas sociedades bem-sucedidas no esforço de propiciar a seus cidadãos condições dignas de vida, a adesão às normas coletivamente pactuadas é alta; naquelas em que se cria a cultura da transgressão, os contrastes costumam ser evidentes — com, vejam que coisa!, os extremos de riqueza e de pobreza vivendo uma verdadeira orgia do descumprimento das leis. Os poderosos as descumprem no fausto e na abastança; os miser...

A Banalidade do mal

Adolf Eichmann (1906-1962) chegou a ser o homem mais procurado do mundo. Um dos principais responsáveis pela logística do programa de extermínio de milhões de judeus durante o Holocausto, a chamada “solução final”, Eichmann foi capturado por tropas americanas no fim da Segunda Guerra. Em 1946, porém, conseguiu fugir e, com um passaporte concedido pelo Vaticano, se instalou na Argentina. Quinze anos depois, foi localizado por uma equipe de agentes secretos israelenses. Seqüestrado e levado para Jerusalém, em 1960 foi interrogado por um policial, Avner Less. Esse interrogatório é o foco do filme Eichmann, de Robert Young. Less, judeu de origem alemã que perdera o pai e vários familiares em campos de concentração nazistas, passou 275 horas tentando arrancar a confissão de Eichmann. Um ano depois desse interrogatório, seu julgamento inspiraria Hannah Arendt a escrever o livro Eichmann em Jerusalém e criar o conceito de “banalidade do mal”. A SOLUÇÃO FINAL (Eichmann, Hungria, Reino Unido, ...

A Viagem do Elefante de José Saramago

Saramago é mesmo um monstro sagrado da literatura. Apesar de a pontuação, melhor dizendo, a falta dela, assustar um pouco a princípio, o seu estilo de escrita é uma arte por si só, independente do enredo. Alias, esses, pelo menos nos poucos livros que li dele, são assustadoramente incomuns. Seja na disseminação de uma doença que causa uma cegueira branca, em Ensaio sobre a Cegueira, como nas “férias” da Morte dos portugueses, Intermitências da Morte ou na ocasião de um elefante ser recebido como presente de aniversário por um arquiduque austríaco.      Saramago   Como sugere o título do livro, o último enredo lhe pertence. “Por muito incongruente que possa parecer...” , nas palavras do autor, a história não é fictícia, ocorreu no século XVI e o paquiderme foi presente dado por Dom João III de Portugal para o arquiduque Maximiliano da Áustria. O conto é basicamente a travessia do elefante de Lisboa a Viena. Por mais banal que pareça( e convenhamos, re...

Um dia além da eternidade

O que faria em um não dia? Não que esteja interessado em entrar para o mundo dos romancistas, mas uma ideia anda me rondando, o que faria se tivesse um dia para nunca mais, um dia que pudesse ser riscado dos calendários, das mentes e dos corpos? Do tempo e do espaço? Um dia além da eternidade. - Droga! Não vêm. Já se passava das sete e nada, será que tinha desistido? Tinha sido tudo tão difícil… Reconhecer para si e para o outro, daquela maneira cara-a-cara, o medo da não correspondência, da frustração, da humilhação e a absoluta certeza da impossibilidade da concretização daquilo tudo. Ufa! Celular não atende. - Não vêm, definitivamente não. Havia desistido, quem poderia recrimina-la? Essa ideia de um dia, um único dia, só nosso não a convenceu, desde o começo ela tinha reservas: - Como assim um dia além da eternidade? - Claro que alguém vai descobri, do jeito que eu sou azarada… Tinha perguntado onde estaria com a cabeça em achar que poderia riscar um dia da sua vid...

Norwegian Wood de Haruki Murakami

T odos os romances que li de Murakami apresentam aspectos comuns. Pessoas que não se encaixam nos moldes costumeiros da sociedade, uma busca incessante pelo isolamento ou fuga dessa sociedade, personagens procurando sua essência nessa cultura pausterizada e que prima pela massificação de produtos e sentimentos, relacionamentos melancólicos e caóticos... Norwegian Wood enfoca quase exclusivamente nesse último aspecto.                                Haruki Murakami A história, que se passa no Japão contemporâneo, trata do relacionamento de Toru Watanabe, estudante universitário confuso quanto a suas escolhas profissionais e pessoais, com Naoko, namorada de seu falecido amigo. Além da relação complicada dos protagonistas, principalmente com a inclusão de Midori, colega de classe de Toru bem mais extrovertida que Naoko e que também se ...

Não, não tenho Orkut

Acabou, mais de quatro anos depois minha experiência na rede social mais conhecida do país chegou ao fim. Deletei meu Orkut! Orkut para mim já teve significado, fiz amigos e inimigos nas comunidades que participei, cheguei a ter um fake, tive que montar dois perfis para caber tantos amigos. Mas tudo foi perdendo o interesse... Participar de comunidades acabou se tornando uma perda de tempo incrível, alguns amigos ficaram outros se foram, como na vida, os inimigos estes sim me foram fiéis. Somando tudo, valeu, mas como tudo na vida existe o fim. E quando o fim chega não adianta prolongar.